Companhias aéreas do Grupo SATA aumentam receitas
- No primeiro trimestre deste ano, a SATA Internacional-Azores Airlines atingiu níveis de receita históricas, de 35,8 milhões de Euros, mais 55% face ao primeiro trimestre de 2022.
- A SATA Air Açores registou um aumento das receitas operacionais (excluindo subsídios à exploração) de 18,9% face ao período homólogo.
- Aumentos de inflação, aumento dos preços dos combustíveis e renegociações de Acordos de Empresa, originaram subida dos custos operacionais.
SATA Internacional - Azores Airlines obtém receitas recorde 35,8 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023.
No primeiro trimestre de 2023, a Sata Internacional – Azores Airlines, S.A. (“Azores Airlines”) registou um crescimento elevado na sua atividade, com a capacidade disponibilizada a assinalar um aumento de 51% versus o primeiro trimestre de 2022 e de 55% quando comparado com o primeiro trimestre de 2019. O número de passageiros superou os níveis pré-pandemia, em mais 45% (face ao período homólogo de 2019), registando 221 mil passageiros transportados, mais 45% face ao primeiro trimestre de 2022.
No período em análise a Azores Airlines realizou 1.772 voos, mais 38% quando comparado com o período homólogo e mais 40% em relação ao período pré-pandemia. Em termos de load factor este registou no primeiro trimestre deste ano um valor superior em 9,7 p.p., quando comparado com o mesmo período de 2022.
Este desempenho operacional permitiu atingir níveis de receita históricas, de 35,8 milhões de Euros, mais 55% face ao primeiro trimestre de 2022 e mais 64% quando comparado com o mesmo período pré-pandemia.
No entanto, este aumento da atividade, juntamente com os aumentos de inflação elevados nas várias regiões para onde a Azores Airlines voa, o aumento dos preços dos combustíveis e as renegociações de Acordos de Empresa, originaram uma subida dos custos operacionais totais em cerca de 12,6 milhões de Euros, quando comparado com o mesmo período do ano anterior (mais 40%). De destacar:
- Aumento dos custos com pessoal em +24% face ao primeiro trimestre de 2022 e +43% face a 2019, devido a: i) negociações de Acordos de empresa realizadas no final de 2019, que impactaram fortemente os custos nos anos seguintes, ii) retirada dos cortes de 10% nos vencimentos, bem como reposição das progressões nas carreiras e atualização de diuturnidades; iii) aumento da atividade (+51% face ao 1T22 / +55% face ao 1T19) que leva a custos varáveis mais elevados. Apesar deste aumento, verifica-se uma redução dos custos com pessoal no total das receitas da companhia em 7,5p.p. face ao primeiro trimestre de 2022.
- Relativamente ao Fornecimento de Serviços Externos, excluindo Combustível, no primeiro trimestre de 2023 verificou-se um aumento de +25% face ao 1T22 e de 33% face ao 1T19. Este aumento foi significativamente inferior ao aumento da capacidade, o que demonstra uma otimização e racionalização dos custos. Apesar deste esforço, houve custos que sofreram alterações significativas quando comparado com o período homólogo, não só pelo aumento do volume de passageiros como também pelo aumento dos preços, nomeadamente:
- Comissões: aumento de 500 mil Euros, cerca de +69%, devido ao aumento significativo das vendas;
- Deslocações e Estadas: aumento de 77% (corresponde a cerca de 368 mil Euros) resultado do aumento das estadias do pessoal voo em virtude do aumento operacional, em específico nas rotas da América do Norte;
- Custos com Handling: aumento de cerca de 610 mil Euros (+19%) devido ao aumento da operação, bem como da atualização dos preços de turn-around (+15%);
- Taxas aeroportuárias e relativas a voo: aumento de 55%, cerca de 1 milhão de Euros, resultado do aumento da operação bem como do aumento das taxas nacionais (+14% preço unitário) e das taxas na América do Norte, bem como aumento das taxas de navegação (com aumento de quase 100% no espaço Açores-Continente);
- Catering: aumento de cerca de 830 mil Euros, +84%, resultado do aumento do custo unitários de mais de 15%;
- No que respeita aos custos com combustível, estes registaram um aumento do peso no total das receitas, passando a representar 37% do total de receitas no primeiro trimestre de 2023, vs 25% ao primeiro trimestre de 2019 e de 32% no mesmo período de 2022. Em termos de custos, o valor mais que duplicou face ao período pré-pandemia, registando um aumento de 145%, comparando com o 1T22 registou um aumento de 80%. Este aumento deve-se a três fatores: i) aumento da quantidade, quando comparado com 1T19 regista-se um aumento de 33% e com 1T22 um aumento de 61%; ii) aumento do preço e variação cambial, quando comparado com 1T19 regista-se um aumento de 67% e com 1T22 um aumento de 39%.
Condicionado por este aumento de custos, o EBITDA (Resultado Operacional antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações) no primeiro trimestre de 2023 esteve em linha com o do período homólogo, registando um valor de -8,8 Milhões de Euros. O Resultado Líquido, de -22,7 milhões de Euros, apresenta-se fortemente impactado pelo i) reconhecimento de gastos com reestruturação (que, de acordo com as normas contabilísticas, são reconhecidos à cabeça, até que os colaboradores entrem na reforma); ii) aumento das amortizações e depreciações, resultado da entrada de novas aeronaves (no primeiro semestre de 2019 entra uma aeronave, em 2020 entra outra aeronave e em 2021 entra uma terceira aeronave); iii) elevados custos financeiros, devido ao empréstimo intragrupo existente (de referir que a Sata Air Açores, era a empresa que se financiava junto da banca, passando posteriormente cash para as empresas que estavam na sua dependência) e iv) diferenças de câmbio. No primeiro trimestre de 2023 verificou-se uma redução no custo por quilómetro oferecido (CASK) na ordem dos 7,4% face ao período homólogo, sendo que na vertente do CASK Non-Fuel a redução é na ordem dos 15,5%. Quanto à receita por quilómetro oferecido (RASK) registou-se um aumento na ordem dos 2,4%, o que conjuntamente com um aumento da operação em cerca de 51% se traduz num aumento da receita operacional em 54,6% face ao primeiro trimestre de 2022.
SATA AIR Açores regista aumento das receitas operacionais (excluindo subsídios à exploração) de 18,9% face ao período homólogo.
A SATA Air Açores – Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos, S.A. (“SATA Air Açores”) acompanhou igualmente a tendência de crescimento da sua atividade, com um aumento do número de passageiros e da capacidade face ao ano anterior de 25% e 16%, respetivamente, fruto também do aumento da capacidade com a entrada de mais uma aeronave ao serviço em agosto de 2022, o que se traduziu num aumento das receitas operacionais (excluindo subsídios à exploração) de 18,9% face ao período homólogo.
No período em análise a SATA Air Açores realizou 3.143 voos, mais 8% quando comparado com o período homólogo e mais 14% em relação ao período pré-pandemia. Em termos de load factor este registou no primeiro trimestre de 2023 um valor superior em 9,7 p.p., quando comparado com o mesmo período de 2022.
Este crescimento da atividade operacional e das receitas, foi acompanhado por um crescimento de custos no primeiro trimestre de 2023 diretamente afetos à atividade, de ordem superior, e motivados também por pressões inflacionistas e pelas renegociações de Acordos de Empresa, que originaram uma subida dos custos operacionais totais de cerca de 4,6 milhões de Euros face ao período homólogo, o que representa um crescimento de 39%. É de destacar:
- Aumento dos custos com pessoal, +22% e +39% face ao 1T22 e 1T19, respetivamente, sendo as causas comuns aos aumentos verificados na Azores Airlines;
- Aumento de Fornecimentos e Serviços Externos, excluindo Combustível, de +33% face ao 1T22, acima do aumento da atividade e da receita operacional, sendo de destacar:
- Taxas aeroportuárias: aumento de +52%, aproximadamente 330 mil Euros, resultado do aumento da operação e do valor das taxas;
- Gastos com manutenção: aumento de cerca de 320 mil Euros (+41%), devido ao aumento da operação e também a uma crescente necessidade associada às características da operação da SATA Air Açores (com muitos voos diários por aeronave e de muito curta duração);
- Indemnizações a passageiros: registando um aumento de +236% para um total de aproximadamente 100 mil Euros, em resultado de irregularidades motivadas sobretudo por más condições meteorológicas, o que originou um avultado número de cancelamentos. De referir que dos voos programados para o 1T23, apenas cerca de 6% foram cancelados, e destes, 84% por questões meteorológicas (cerca de 225 voos).
- Aumento dos custos com combustíveis que, apesar de terem um menor peso relativo nas receitas quando comparado com a Azores Airlines, ainda assim sofreram um acréscimo de +36% representando mais de 400 mil Euros face ao ano anterior.
O aumento de custos originou um EBITDA, referente ao primeiro trimestre de 2023 de cerca de -1,2 milhões de Euros, e um resultado líquido de -7,1 milhões de Euros, impactado principalmente por i) reconhecimento de gastos com reestruturação, ii) acréscimo dos gastos com amortizações e depreciações (sobretudo devido à entrada ao serviço na nova aeronave em agosto de 2022), iii) acréscimo dos gastos líquidos de financiamento e iv) diferenças de câmbio.
A SATA Air Açores, que assegura o tráfego inter-ilhas na Região Autónoma dos Açores, mantém uma estrutura (incluindo a atividade de handling) que garante a existência de voos regulares em permanência e independentemente da procura, nomeadamente no período de Inverno, o que acaba por se refletir na estrutura de custos da empresa. Estas rotas são operadas ao abrigo do contrato de Obrigações de Serviço Público, sendo apenas apurado no final de cada ano o montante de compensação resultante da exploração desta atividade.
As companhias aéreas do Grupo Sata têm mantido o foco no passageiro, procurando sempre investir na qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Reflexo disto é o NPS (Net Promoter Score) do primeiro trimestre de 2023, que atingiu 58 pontos, em linha com o valor verificado no período homólogo e bem acima da média da indústria.
Glossário:
Cask: Cost per available seat kilometer, custos operacionais divididos por lugar-quilómetro
Rask: Revenue per Available Seat Kilometer, receita operacional por assentos-quilómetro oferecidos - receita operacional dividida pelo total de assentos-quilómetro oferecidos.
ASK: Available seat kilometer / Lugar-quilómetro - número total de lugares disponíveis para venda multiplicado pelo número de quilómetros voados
Load Factor: Número total de passageiro-quilómetros (RPK) dividido pelo número total de lugar-quilómetros (ASK).
EBITDA: Resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização